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Usando a identidade visual como facilitadora

Sites confusos devem considerar a possibilidade de redesenhar tudo. O design é o elemento base que integra o conteúdo e, junto com a redação adequada, informa ao usuário onde está e para onde vai.

Para criar ou rever a identidade visual de um site, principalmente de um portal, é necessário considerar processos e estudos cujos resultados nem sempre agradam à maioria dos profissionais envolvidos.

Na prática, porém, esses procedimentos são dotados de grande eficiência no sentido de facilitar a navegação e fidelização. Pensar a arquitetura da navegação para cada perfil de visitante e na facilidade de uso (a usabilidade, tradução cognata de usability) em cada página, mesmo para o mais iniciante dos internautas, tem se tornado tema comum nas produtoras e agências desde o final de 2000.

Acontece que nem só de arquitetura e de facilidade de manuseio vive a usabilidade. Menus sempre no mesmo lugar, acesso rápido à página principal, links azuis–vermelho–e–roxo, fontes grandes em Verdana ou Arial (ou Times New Roman para os yankees) e uma estrutura idêntica para todas as páginas do site são as dicas mais comentadas para montar um site que possa ser entendido por iniciantes e iniciados, sem ficar chato aos mais experientes.

No entanto, é possível avançar um pouco mais, preservando a sensação de entusiasmo do primeiro clique.

Steve Krug, um dos desbravadores no campo da compreensão do comportamento do internauta, escreveu um livro cuja idéia central é tomar cuidado ao fazer o usuário pensar: quem pensa muda de idéia, e quem muda de idéia cai fora do seu site. O livro é intitulado Don’t Make Me Think e pode ser encontrado na Amazon.

Com a expansão da web em ritmo acelerado, o usuário acaba por se enquadrar em grupos de classificação. O iniciante em informática, por exemplo, é aquele que sabe muito pouco sobre o próprio sistema operacional e tem apenas uma vaga idéia do que vem depois de cada clique.

Há aquele que sabe bem informática, mas é novo nas ondas da internet; há, ainda, o usuário que sabe usar muito bem alguns softwares, mas não sabe configurar o computador como um todo e se perde fora de sua especialidade. São dezenas de estereótipos.

É aí que entram em cena a arquitetura de informação e a usabilidade. Projetar um site de forma que o iniciante tenha apoio a cada passo dado e que o mais experiente possa navegar de forma objetiva sem se sentir vigiado.

É um desafio e tanto, mesmo para um site pequeno de uma prestadora de serviço. Imagine então um banco online ou uma montadora de automóveis vendendo pela internet?

Para qualquer perfil de usuário, um pré–requisito é claro: é preciso haver elementos de ligação que possam servir de guia em qualquer etapa da navegação, desde o login até a resposta de um formulário enviado e o logout – este último sempre mal elaborado, esquecido lá no final do processo, justamente quando as coisas deveriam ser bem finalizadas. É o famoso “obrigado por vir, até logo e volte sempre” que o garçom diz ao entregar o troco da conta.

O design é o elemento base que liga todas as fases do processo. Junto com uma redação bem elaborada, é efetivamente o elemento mais importante para informar o usuário onde ele está, qual passo está executando e para onde vai se clicar aqui ou ali.

A identidade visual, as cores empregadas na construção e as informações fornecidas ao usuário são elementos imprescindíveis de referência para que a navegação se torne um exercício de praticidade ou de prazer – dependendo da finalidade do site.

Uma página de resposta de formulário totalmente branca, com apenas a frase “Enviado com sucesso” em fonte default e sem um mísero link para voltar à página anterior, assusta qualquer um e joga a credibilidade no lixo, mesmo quando o formulário é daqueles que checam pontuação, digitação correta do e–mail e senha.

Em uma situação ideal, o design do formulário seria mantido após o envio. Haverá também a possibilidade de voltar ao formulário e alterar informações ou retornar à página em que se estava antes de enviar o formulário. Haverá links para a página principal, opções para continuar navegando e uma redação que vá além do “Enviado com sucesso”.

Reconhecendo o terreno. Imagine que alguém chegou ao seu site através de um link para uma página interna específica: pode ser um artigo, um produto ou o mapa do site. Ele vai saber onde está, exatamente? A resposta sincera a essa pergunta já mudou muitos projetos conhecidos do grande público.

Um bom exemplo de arquitetura bem elaborada e usabilidade aplicada é o site da Microsoft.

Esqueça qualquer preconceito contra a empresa de Bill Gates. O site da Microsoft é identificado em cada mínima página, tem sempre links para outros assuntos, e apesar de abusar de gráficos, cores e grafismos diversos, mantém uma identidade reconhecível, respeitando a aplicação do logotipo e da cor azul marinho característica da empresa.

Graficamente bem apresentado, organizado e dispondo de um poderoso sistema de busca, o site da Microsoft é fácil de usar, mesmo com um conteúdo literalmente gigantesco. O portal MSN adota a mesma linha, apesar de algumas diferenças conceituais. Mesmo que você seja levado a uma página específica sobre os desenvolvedores de um produto já descontinuado, saberá estar dentro dos domínios da Microsoft. Sem trocadilhos…

Existem muitos mais os casos opostos, onde a falta de identidade visual predomina e mesmo um usuário experiente pode encontrar dificuldades para chegar onde quer. Não é difícil prever que sites confusos terão menor retorno do público e menor sucesso em seus objetivos. Muitos precisarão ser reconstruídos para alcançar resultados.

Novo design: o desafio de fazer o público reconhecer a mudança. Dentro dos exemplos acima, existe ainda a possibilidade de um site ganhar um novo visual. O novo design deve servir a vários objetivos: melhorar a navegação em geral, conquistar novo público, manter o público já fidelizado e permitir que um antigo visitante reconheça ser o mesmo site, porém com “roupas novas”.

O novo design deve servir à usabilidade e à arquitetura, tornando ambas atraentes e, quem sabe, até transparentes ao público. Afinal, quem entende do assunto faz melhor o que se propõe a fazer, mesmo que seja tudo puro entretenimento!

Escrito originalmente para o WebInsider.

SOBRE O AUTOR

Rafael Rez

Autor do livro “Marketing de Conteúdo: A Moeda do Século XXI”, publicado pela DVS Editora. Possui MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2013. Fundador da consultoria de marketing digital Web Estratégica, já atendeu mais de 1.000 clientes em 20 anos de carreira. Co-fundador da startup GoMarketing.cloud. Fundou seu primeiro negócio em 2002, de onde saiu no final de 2010. Foi sócio de outros negócios desde então, mantendo sempre como atividade principal a direção geral da Web Estratégica. Além de Empreendedor e Consultor, é Professor em diversas instituições: HSM Educação, ILADEC, Cambury, ESAMC,ALFA, ESPM, INSPER. Em 2016 fundou a Nova Escola de Marketing.

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